Desaceleração do PIB e queda no superávit impõem cautela à indústria e ao mercado

03.12.2025 – Cerimônia de Início da Produção de Veículos Elétricos da General Motors no Brasil. Polo Automotivo do Ceará – Horizonte (CE) - Foto: Ricardo Stuckert / PR
03.12.2025 – Cerimônia de Início da Produção de Veículos Elétricos da General Motors no Brasil. Polo Automotivo do Ceará – Horizonte (CE) - Foto: Ricardo Stuckert / PR

PIB confirma desaceleração suave da economia que pode ajudar na queda dos juros

O cenário econômico brasileiro encerra o ano de 2025 com sinais mistos que acendem a luz amarela para o setor produtivo. Dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e analisados pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) confirmam uma perda de fôlego na atividade econômica, frustrando as expectativas de uma retomada mais robusta nesta reta final de ano.

Freio no crescimento

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre caiu como um balde de água fria sobre o mercado. O IBGE informou um crescimento tímido de apenas 0,1% no período, ficando abaixo da mediana das projeções, que esperava ao menos 0,2%.

A análise técnica aponta para uma tendência clara de desaceleração. Se no primeiro trimestre o país avançou 1,5%, o ritmo caiu para 0,3% no segundo e agora estagna em 0,1%, evidenciando uma "franca perda de ritmo" da atividade produtiva. Para o setor industrial e para os investidores, esses números reforçam a necessidade de cautela no planejamento para 2026, uma vez que a economia não demonstra a tração esperada.

Balança comercial e cenário externo

Outro ponto de atenção destacado no relatório da FIEG é o desempenho do comércio exterior. Embora a balança comercial tenha registrado superávit de US$ 5,84 bilhões em novembro, o acumulado do ano (janeiro a novembro) soma US$ 57,8 bilhões — uma queda expressiva de 16,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse recuo reflete não apenas questões domésticas, mas um cenário internacional desafiador. Na China, principal parceiro comercial do Brasil, embora as exportações tenham crescido, o desempenho das importações denuncia um ritmo mais fraco da atividade econômica doméstica chinesa, o que impacta diretamente a demanda por commodities brasileiras.

Perspectivas: Juros e a "super quarta"

Diante desse quadro de esfriamento, os olhos do mercado se voltam para o Banco Central e a política monetária. A expectativa de uma "Super Quarta" e o comportamento do dólar seguem no radar dos investidores.

Apesar da desaceleração do PIB sugerir espaço para cortes de juros, a resiliência do mercado de trabalho e indicadores antecedentes ainda aquecidos podem postergar o início do ciclo de flexibilização monetária. O cenário base da análise econômica projeta o primeiro corte da Selic apenas para a reunião inaugural do Copom em 2026, ou até mesmo em março, visando reduzir a taxa do patamar de 15% para 14,5%.

Enquanto o cenário de inflação parece controlado — com o IGP-DI registrando estabilidade (+0,01%) em novembro e acumulação negativa no ano — a postura do Banco Central deve permanecer conservadora. A mensagem é clara: o BC deve dar uma "seta antes de mudar de faixa", evitando movimentos bruscos sem a certeza da convergência econômica.

Para o setor industrial e o empresariado do Distrito Federal e do Brasil, o momento exige gestão eficiente e monitoramento constante dos indicadores globais, especialmente vindos dos EUA e Europa, que também apresentam sinais de volatilidade e recuperação moderada.

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